É sempre assim, em toda diária (e tem que curtir o fato de ser assim, porque faz parte): o primeiro, segundo planos sempre demoram pacas pra serem "compostos" e filmados. Depois que a coisa engrena aos poucos e flui com maior rapidez.
Os primeiros foram os de Timmy e Laena (o casal de personagens que dá a festa no apê novo) na cozinha. Matamos todos os da cozinha primeiro, esta virando, em seguida, sala de produção (alimentos, objetos de cena, video-assist...). Comecei a ficar meio em pânico, porque estávamos umas duas horas atrasados. Mas devo dizer que os planos ficaram bem trabalhados. A equipe de luz, por exemplo, se tornara ágil e tinha se organizado pra não precisar mudar muito os refletores depois que a parte da cozinha foi feita.
Passamos pros planos da sala, maiores, alguns deles planos-seqüência bem difíceis. O Daniel tinha que se posicionar de uns modos mirabolantes por causa da decupagem absurda que eu propus! Isso influenciava a posição do Leo, do Perillo (assistente de Som, novamente), do video-assist, do cenário, de tudo. Algumas vezes ele ou a Teresa propunham uma mudança de ângulo, de posicionamento, de quadro, etc. Em alguns casos cedi, mas em muitos fui muito teimoso (e peço desculpas a todos por isso) e bati o pé. Sou um cara teimoso demais, esse é um dos defeitos que ficaram evidentes lá, como diretor quase estreante. Se eles fossem uma equipe calejada, com décadas de profissão e vivência nas costas, e, mais ainda, se não fossem meus amigos com muita boa vontade, teriam me mandado à merda e ido embora. No calor da coisa (como disse o Daniel, como no futebol), os ânimos se alteram vez ou outra, e isso faz parte, se não fosse isso não valeria a pena e não cresceríamos como pessoas ou profissionalmente.
A última cena gravada nesta diária foi a última do filme, o final. Era úma das poucas em que o protagonista Mau (vivido pelo Victor) contracenava com o pessoal do Jantar, de modo que liberamos ele do dia seguinte.
As gravações se estenderam até quase de manhã. Quando o pessoal foi embora já deviam ser seis horas, eu acho. Arrumamos algumas coisas pro dia seguinte, mortos de cansaço. Eu me sentia um caco. Satisfeito com o que gravamos, com o empenho de todos, porém temeroso e incerto quanto a Domingo, pois estávamos bem atrasados e eu teria que cortar uma série de planos para dar tempo de fechar a história. Mas sabia que eu não tinha conseguido manter a ordem e a paz total no set, e dar conta de todos planos que nos propusemos a fazer (a maioria) no Sábado.
Fiquei lá pelo Daniel mesmo, eu e o Tião, porque não valeria muito a pena ir pra casa e voltar. Capotei. Descansei até que bem, e era necessário. De manhã, chamei o Tião e batemos aquele papo pra espeirecer, como tínhamos feito semana passada em casa. Fomos tomar um café, respirar. Papo vai, papo vem, hora de voltar.
Sentei com a Teresa e o Daniel (como na semana passada), era hora daquele famoso "super corte", passar o cutelo sem dó. Reduzimos as dezenas de planos a meros - porém essenciais - 13 planos. Primeiro faríamos os que não tinham a Adriani, que chegaria mais tarde, e alguns foram readaptados. A luz permaneceria a mesma, mas mudaríamos a entrada de luz na câmera em alguns casos, que eram os do momento em que a luz da sala é apagada por Luan, o fanfarrão (vivido pelo Vinicius), e a coisa toda começa a virar um caos na história.
Como no Bar, o segundo dia do Jantar fluiu com mais rapidez. Não atrasamos tanto. Mas o cansaço imperava, em muitos momentos. E, por ser Domingo, a coisa se agravava: muitos dos atores e membros da equipe tinham que entrar no trabalho bem cedo, ou tinham provas importantes, enfim... iríamos até a 1 hora no máximo!
Houveram muitos momentos engraçados e divertidos, como os planos em que a Luiza mudava de figurino e estilo e dançava vários ritmos diferentes perto do toca-discos, indicando a passagem do tempo e o avanço do caos na história. Era um tal de muda cabelo, muda maquiagem, muda figurino, muda disco de vinil, muda personagens que estão ao fundo do quadro, ufa!
Faltando dois planos, de certa complexidade (um deles era o longo plano seqüência em que a baderna está rolando solta no jantar - Luan perseguindo Dolores, que sobe na cadeira, bêbada, chuta-o, ele cai, em seguida ela também tomba, a Paty surtando no meio daquilo tudo sem entender nada, e logo mais à frente chegamos à briga dos primos, com a Laena tentando separá-los, endoidecida e trôpega de vinho), corríamos e esquecemos alguns detalhes de continuidade no cenário. Essa foi uma das grandes trapalhadas. Mas foi resolvido, não sei se teve alguma quebra muito grade ainda.
Na parte da briga, devo elogiar a entrega do Juliano (Timóteo "Timmy" Donini) e do Lucas (Janjão Ceregatti), que se pegaram no tapa meio que "de verdade", com muita intensidade, e, como o próprio Leo me contou depois, os sons da briga ficaram bem reais mesmo, no que ele captou. Este plano eu fiz a câmera, na mão, e houveram mil dificuldades, porque ou o fio atrapalhava a movimentação, ou o Leo aparecia em quadro com o boom, ou algum refletor aparecia. Em algumas partes balançou pra caramba, e ainda não sei se incorporo isso à linguagem ou se insiro alguns planos-detalhe no meio da ação geral. Só sei que terminei o plano num contra-plongé ao lado do Lucas, no chão, tento ao "alto" a mão do Juliano pronto pro golpe final (nessa hora é que o Maurício entra no apê no meio daquela confusão toda). Eles estavam como Ray Liota e DeNiro, ou Joe Pesci, em Goodfellas, se pegando no tapa dum modo bem realista, e vibrei muito com esta parte.
Outro momento muito legal foi quando fomos pra rua fazer os planos do Maurício correndo todo detonado, indo do bar pro apê. Já era tarde, as ruas tinham pouco movimento. Com cautela, fomos fazer sem a guarda (houve confusão com o horário que a polícia nos daria apoio), uma câmera (caríssima) na mão e a coragem.
Em certo momento notamos um bar que havia lá, ao lado, onde estava rolando um tipo de baile de Halloween. Algumas pessoas animadas estavam em frente ao bar, e olhavam com curiosidade pro bando de doidos (um vestido de médico, parecendo que levou um tiro na perna, ensangüentada) com uma câmera aquela hora, na rua. Notamos que havia um pessoal fantasiado. Uma mulher vestida de diabinha estava entre eles. Na hora veio a idéia. Acrescentar estes detalhes na hora é a coisa mais divertida. Fui perguntar se ela não queria fazer uma figuração durante a "corrida" do Maurício pelas ruas, e logo veio também a amiguinha dela, igualmente fantasiada de vermelho. Ficou no mínimo surreal aquelas duas moças fantasiadas de diabo, conversando na rua, enquanto o personagem corria desvairado rumo ao Jantar de Sábado à Noite.
Enfim. Terminamos lá pras 2 horas. Uma hora atraso do previsto. Os atores foram indo embora, se despedindo, se abraçando, aquele clima de coisa (parcialmente) concluída. Alguns atores ainda ficaram um pouco. Fomos desproduzindo tudo, juntando equipamentos, cenário e tudo mais, o que levou algumas horas. Mortos de sono, abrimos uma cidra e ficamos batendo papo na sala, onde a atração era o Akira, cão do Daniel e da Teresa, muito divertido e que, por ter ficado preso na garagem durante as gravações, estava eufórico. Demos muitas risadas ali, naquele momento de "descanso", e logo mais já ia amanhecer. Teríamos poucas horas pra dormir, pois tínhamos que devolver equipamentos alugados de manhã, e começar a jornada de segunda-feira, a última diária do curta-metragem.
Os primeiros foram os de Timmy e Laena (o casal de personagens que dá a festa no apê novo) na cozinha. Matamos todos os da cozinha primeiro, esta virando, em seguida, sala de produção (alimentos, objetos de cena, video-assist...). Comecei a ficar meio em pânico, porque estávamos umas duas horas atrasados. Mas devo dizer que os planos ficaram bem trabalhados. A equipe de luz, por exemplo, se tornara ágil e tinha se organizado pra não precisar mudar muito os refletores depois que a parte da cozinha foi feita.
Passamos pros planos da sala, maiores, alguns deles planos-seqüência bem difíceis. O Daniel tinha que se posicionar de uns modos mirabolantes por causa da decupagem absurda que eu propus! Isso influenciava a posição do Leo, do Perillo (assistente de Som, novamente), do video-assist, do cenário, de tudo. Algumas vezes ele ou a Teresa propunham uma mudança de ângulo, de posicionamento, de quadro, etc. Em alguns casos cedi, mas em muitos fui muito teimoso (e peço desculpas a todos por isso) e bati o pé. Sou um cara teimoso demais, esse é um dos defeitos que ficaram evidentes lá, como diretor quase estreante. Se eles fossem uma equipe calejada, com décadas de profissão e vivência nas costas, e, mais ainda, se não fossem meus amigos com muita boa vontade, teriam me mandado à merda e ido embora. No calor da coisa (como disse o Daniel, como no futebol), os ânimos se alteram vez ou outra, e isso faz parte, se não fosse isso não valeria a pena e não cresceríamos como pessoas ou profissionalmente.
A última cena gravada nesta diária foi a última do filme, o final. Era úma das poucas em que o protagonista Mau (vivido pelo Victor) contracenava com o pessoal do Jantar, de modo que liberamos ele do dia seguinte.
As gravações se estenderam até quase de manhã. Quando o pessoal foi embora já deviam ser seis horas, eu acho. Arrumamos algumas coisas pro dia seguinte, mortos de cansaço. Eu me sentia um caco. Satisfeito com o que gravamos, com o empenho de todos, porém temeroso e incerto quanto a Domingo, pois estávamos bem atrasados e eu teria que cortar uma série de planos para dar tempo de fechar a história. Mas sabia que eu não tinha conseguido manter a ordem e a paz total no set, e dar conta de todos planos que nos propusemos a fazer (a maioria) no Sábado.
Fiquei lá pelo Daniel mesmo, eu e o Tião, porque não valeria muito a pena ir pra casa e voltar. Capotei. Descansei até que bem, e era necessário. De manhã, chamei o Tião e batemos aquele papo pra espeirecer, como tínhamos feito semana passada em casa. Fomos tomar um café, respirar. Papo vai, papo vem, hora de voltar.
Sentei com a Teresa e o Daniel (como na semana passada), era hora daquele famoso "super corte", passar o cutelo sem dó. Reduzimos as dezenas de planos a meros - porém essenciais - 13 planos. Primeiro faríamos os que não tinham a Adriani, que chegaria mais tarde, e alguns foram readaptados. A luz permaneceria a mesma, mas mudaríamos a entrada de luz na câmera em alguns casos, que eram os do momento em que a luz da sala é apagada por Luan, o fanfarrão (vivido pelo Vinicius), e a coisa toda começa a virar um caos na história.
Como no Bar, o segundo dia do Jantar fluiu com mais rapidez. Não atrasamos tanto. Mas o cansaço imperava, em muitos momentos. E, por ser Domingo, a coisa se agravava: muitos dos atores e membros da equipe tinham que entrar no trabalho bem cedo, ou tinham provas importantes, enfim... iríamos até a 1 hora no máximo!
Houveram muitos momentos engraçados e divertidos, como os planos em que a Luiza mudava de figurino e estilo e dançava vários ritmos diferentes perto do toca-discos, indicando a passagem do tempo e o avanço do caos na história. Era um tal de muda cabelo, muda maquiagem, muda figurino, muda disco de vinil, muda personagens que estão ao fundo do quadro, ufa!
Faltando dois planos, de certa complexidade (um deles era o longo plano seqüência em que a baderna está rolando solta no jantar - Luan perseguindo Dolores, que sobe na cadeira, bêbada, chuta-o, ele cai, em seguida ela também tomba, a Paty surtando no meio daquilo tudo sem entender nada, e logo mais à frente chegamos à briga dos primos, com a Laena tentando separá-los, endoidecida e trôpega de vinho), corríamos e esquecemos alguns detalhes de continuidade no cenário. Essa foi uma das grandes trapalhadas. Mas foi resolvido, não sei se teve alguma quebra muito grade ainda.
Na parte da briga, devo elogiar a entrega do Juliano (Timóteo "Timmy" Donini) e do Lucas (Janjão Ceregatti), que se pegaram no tapa meio que "de verdade", com muita intensidade, e, como o próprio Leo me contou depois, os sons da briga ficaram bem reais mesmo, no que ele captou. Este plano eu fiz a câmera, na mão, e houveram mil dificuldades, porque ou o fio atrapalhava a movimentação, ou o Leo aparecia em quadro com o boom, ou algum refletor aparecia. Em algumas partes balançou pra caramba, e ainda não sei se incorporo isso à linguagem ou se insiro alguns planos-detalhe no meio da ação geral. Só sei que terminei o plano num contra-plongé ao lado do Lucas, no chão, tento ao "alto" a mão do Juliano pronto pro golpe final (nessa hora é que o Maurício entra no apê no meio daquela confusão toda). Eles estavam como Ray Liota e DeNiro, ou Joe Pesci, em Goodfellas, se pegando no tapa dum modo bem realista, e vibrei muito com esta parte.
Outro momento muito legal foi quando fomos pra rua fazer os planos do Maurício correndo todo detonado, indo do bar pro apê. Já era tarde, as ruas tinham pouco movimento. Com cautela, fomos fazer sem a guarda (houve confusão com o horário que a polícia nos daria apoio), uma câmera (caríssima) na mão e a coragem.
Em certo momento notamos um bar que havia lá, ao lado, onde estava rolando um tipo de baile de Halloween. Algumas pessoas animadas estavam em frente ao bar, e olhavam com curiosidade pro bando de doidos (um vestido de médico, parecendo que levou um tiro na perna, ensangüentada) com uma câmera aquela hora, na rua. Notamos que havia um pessoal fantasiado. Uma mulher vestida de diabinha estava entre eles. Na hora veio a idéia. Acrescentar estes detalhes na hora é a coisa mais divertida. Fui perguntar se ela não queria fazer uma figuração durante a "corrida" do Maurício pelas ruas, e logo veio também a amiguinha dela, igualmente fantasiada de vermelho. Ficou no mínimo surreal aquelas duas moças fantasiadas de diabo, conversando na rua, enquanto o personagem corria desvairado rumo ao Jantar de Sábado à Noite.
Enfim. Terminamos lá pras 2 horas. Uma hora atraso do previsto. Os atores foram indo embora, se despedindo, se abraçando, aquele clima de coisa (parcialmente) concluída. Alguns atores ainda ficaram um pouco. Fomos desproduzindo tudo, juntando equipamentos, cenário e tudo mais, o que levou algumas horas. Mortos de sono, abrimos uma cidra e ficamos batendo papo na sala, onde a atração era o Akira, cão do Daniel e da Teresa, muito divertido e que, por ter ficado preso na garagem durante as gravações, estava eufórico. Demos muitas risadas ali, naquele momento de "descanso", e logo mais já ia amanhecer. Teríamos poucas horas pra dormir, pois tínhamos que devolver equipamentos alugados de manhã, e começar a jornada de segunda-feira, a última diária do curta-metragem.