quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Segmento do Jantar

Olá, amigos!
Desculpem a demora pra postar novamente! Terminamos segunda à noite a nossa "odisséia", e só estou voltando ao blog agora, quinta-feira. Preferi dar uma descansado antes, fazer um balanço mais racional da coisa toda. Mas vamos lá... recapitulando:
O "Round 2", ou seja, as cenas referentes à ação do jantar de Sábado à noite do título, começou Sábado de manhã. No dia anterior, sexta, tínhamos um atraso considerável em relação a reuniões, decupagem, ordem do dia, e outros aspectos de produção. Eu deixei a coisa atrasar, por descuido, e aí vi a quantidade de responsabilidades que tinha acumulado para mim e para a equipe. Tive, particularmente, uma certa dificuldade para delegar funções e coordenar a área de Direção de Arte, em relação a horários e disponibilidades. Aconteceu que, por exemplo, a maquiadora que chamamos originalmente, Rachel, nao pôde ir no segmento bar e tampouco no do jantar. Foi um dos meus erros de programação. Outro foi em relação ao figurino e os cenários, então acabei tendo que ir atrás de elementos destas áreas, em cima da hora. Sexta-feira à noite, Halloween, o terror começou. Mas ao invés de ficar desesperado, e estando cansado, fui espairecer um pouco e esquecer por alguns momentos as aflições do dia seguinte. Saí de última hora e fui pra Odisséia de Cinema no Espaço Unibanco, que começava às 23:30, meia-noite... e recomendo, pois o evento creio que supera o Noitão do Belas Artes, inclusive. Opções de filmes em 3 salas, com temas diferentes, incluindo estréias e clássicos do terror (provavelmente por causa do Halloween). Nos intervalos, uma "balada" no próprio espaço. Fomos ver o novo do Woody Allen, depois um filme japonês que não lembro o nome (ambos incríveis), e o terceiro optei por não ver. Saí de lá satisfeito. Quando voltei já era de manhã, e não haveria nem tempo para dormir.
Tenho plena consciência do que fiz (não ter descansado o suficiente), mas isso foi previsto e, realmente, não necessito tantas horas de sono quando estou trabalhando com afinco em algo que me interessa. O Daniel sabe bem que, em muitos ensaios e reuniões, eu tinha virado sem dormir, e permanecia até o final, até a hora que precisasse.
Enfim... dormi umas duas horas e levantei pra poder começar a jornada. Alguns telefonemas, e chequei como estavam as coisas: a Teresa na correria com compras que precisávamos fazer de alimentos pra equipe, e itens de elétrica e fotografia (os caras conseguiram montar as barracudas nas paredes do apartamento do Daniel e da Teresa, idéia do Tião que solucionou váios problemas de movimentação de câmera, som e luz. Pra quem não conhece a barracuda fica presa nas paredes, como uma tora, onde se acoplam os refletores e outros itens de iluminação). O Daniel resolvia o equipamento de luz.
Saí correndo. Passei em alguns lugares para comprar parte do cenário e definir o que íamos fazer para forrar as paredes. A idéia no começo era forrá-las com tecido, mas vi que isso ia sair muito caro - queríamos dar a impressão de que tivesse papel de parede, uns bem bregas, coisa que não se usa mais, antigão. Acabei testando uns lençóis de casa e fui com os lençóis mesmo.
Aproveitando uma carona do Vinicius, um dos atores, fomos rumo à locação na casa do Daniel. Lá, a movimentação já era grande. Vi que não havia ninguém fazendo menos do que pudesse. Reconheço, sempre, que o esforço de todos foi fenomenal, além do normal, e que, se não fosse esta equipe e a boa paciência e tolerância do casal Teresa e Daniel, nunca teríamos feito este filme. Toparam usar a casa deles para este segmento, e confesso que dei algumas mancadas no quesito "manter o apartamento em ordem e inteiro". Devo admitir que me faltou experiência e perícia para tal. Mas isso explico melhor mais pra frente.
Aos poucos fomos montando o cenário da cozinha e da sala de jantar, e organizando a sala dos fundos, que serviu como camarim, depósito de objetos de cena e sala de descanso e alimentação para os atores (alguns dormiram lá em certos momentos). Um corredor, ligando estas duas salas, estava atulhado de equipamento de luz, som e outras coisas. Eles podem não acreditar, mas eu olhava pra aquilo com aflição, como se fosse a minha casa, porque sabia que quem ia ouvir um monte depois seria eu. Mas tanto eles como eu, na hora, nos incorporamos ao filme e deixamos a coisa ser feita, do melhor modo possível.
Atores chegando... algumas pessoas se conhecendo. É incrível como algumas pessoas de equipe / elenco só foram se conhecer no dia da gravação! O ambiente era amigável, harmonioso. Logo me preparei para ir para outro lugar (uma garagem, ao ar livre) ensaiar com eles, enquanto a galera terminava de ajustar luz, som e cenário, e enquanto o preparador de elenco não chegava.
Estava novamente um tempo bom, e agradeço aos céus por isso. Acho que realmente influencia o ânimo das pessoas. Mas apesar do clima bom, eu estava tenso por dentro, e às vezes acabava sendo um pouco nervoso com a equipe (estava era cobrando a mim mesmo nestes momentos, e me xingando pela falta de planejamento e preparo).
Descemos, nos acomodamos lá na garagem. Fizemos uma roda, eu e os atores (estavam todos, menos a Adriani, que faz a vizinha patricinha). Ficamos um tempo relaxando, falando besteira e contando causos, piadas... aquilo era muito bom. Senti, naquele momento, mais uma vez, o carinho que tenho por todos eles, e a gratidão que sinto por terem abraçado o projeto, entregues a ele sem cachê. Se transformaram nos personagens do roteiro, adicionando suas próprias nuances, e isso é muito valioso, não tem preço. Foi um momento muito especial, que guardarei com muito carinho. Tentávamos fazer uma nova leitura do roteiro, mas acabávamos fazendo piadas e caíamos na gargalhada. Eram (são) muito divertidos: Lucas, Vinicius, Luiza, Alaissa, Juliano, o Victor... e a Adri também, que chegou depois. Um time bem-humorado, carismático, com uma boa energia e empatia. Os dois "núcleos" do curta, bar e jantar, têm elencos muito especiais. E diferentes. O grupo do Bar é mais misto, em relação à idade e ao estilo, à pegada (acho que essa mescla torna o aspecto "social", a vivência e o contraste de gerações e rumos a serem seguidos o cerne do grupo - em relação à história). Já o Jantar, a galera é toda dos vinte e poucos anos, alguns pensam parecido, têm muita idéia para trocar e se identificam uns com os outros, de uma forma ou de outra. Eu mesmo me identifico com eles, e com seus personagens. Alguns, inclusive, viveram recentemente coisas parecidas com o que os personagens estão vivendo naquela ação do roteiro (isso inclue a minha pessoa).
Mas voltando: fizemos alguns aquecimentos, e começamos o último ensaio antes de gravar. A coisa seguia de modo divertido. Muitas risadas. Acho muito importante se divertir quando se trabalha, especialmente assim, logo antes de gravar, para dar aquela relaxada. Logo veio a maquiadora nova, a Paty. Mulher do Igor, que fez a maquiagem de efeitos no Bar, ela nos savou desta vez, e maquiou e fez os cabelos de todos neste fim de semana. Ela começou a maquiar alguns que já iam gravar, o preparador, Will Damas, chegou, deixei os atores com ele e fui ajeitar os últimos detalhes para começar a gravar. Estava na hora.

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