segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Nossos patrocinadores e apoiadores

Foram várias as entidades / estabelecimentos / empresas que nos apoiaram, seja com locações, empréstimos ou equipamentos, na realização do nosso filme. Este filme também é deles, e fica aqui nosso sincero agradecimento a eles. A divulgação dos mesmos estará presente em todo o material de publicidade do curta-metragem.


Locadora de Equipamentos de cinema e vídeo Bureau


Locadora de equipamentos de cinema e televisão Locall.

ELCV: Escola Livre de Cinema e Vídeo, de Santo André.


Prefeitura de Santo André.

MVW Informática.



Bar e Lanchonete Toy (locação do Bar).
Aqueles que eu não coloquei ainda, estou indo atrás dos logotipos, ok?
Obrigado pessoal.

As bandas que apoiaram o curta!

Boa tarde, galera, gostaria de divulgar aqui as 4 bandas que foram muito legais de terem topado tocar na nossa festa de divulgação mês passado. Agradecemos a força e parabenizamos a eles pelo som que fizeram lá no Espaço Zé Presidente!
São eles (com os respectivos MySpace):











É isso aí, valeu mais uma vez!
Logo mais colocarei os logos dos outros apoiadores do curta.
abraços
Will

sábado, 15 de novembro de 2008

A segunda-feira fatídica e o plano final

Continuando a nossa trajetória (depois de uma semana quase sem postar!), de Domingo para Segunda praticamente não dormimos. Logo cedo a perua da prefeitura de Santo André chegou na locação e começamos a carregá-la com o equipamento que seria devolvido para a locadora Locall (o pesado, de luz). E dá-lhe trampo braçal. Assim, sonolentos, partimos eu, Tião e Altair, o motorista, deixando o Daniel com os equipamentos da Bureau (câmera e som) e da ELCV.
Trânsito até a Locall, na Vila Mariana. Chegamos, tivemos que esperar um tempão pra podermos descarregar, pois segunda de manhã é o horário "de pico" lá, pois muita gente está devolvendo toneladas de equipamento de luz (caminhões cheios). Ficamos por lá, conhecendo algumas pessoas da Locall, gravando um pouco do making of. Cheguei a cochilar na kombi, em um momento, pois estava morto, capengando em pé.
Afinal, conseguimos descarregar tudo, e então partimos novamente. Fiquei no metrô (iria descansar umas duas horas em casa), o Tião foi com a kombi levar algumas coisas pra ELCV em Santo André.
Em casa, descarreguei minhas coisas na sala, fui deitar mas não conseguia, de jeito nenhum, dormir. Tínhamos uma diária pela frente e algumas coisas me preocupavam, como o fato de que não tínhamos ainda a locação do hospital (as cenas em que aparece o corredor do hospital onde o Mau trabalha). Fiz algumas ligações, vi que realmente não conseguimos a permissão para gravar em nenhum hospital. Já cogitava algum improviso...
O Victor e o Daniel passariam umas 15 horas em casa, pra irmos a Santo André gravar as cenas externas. A guarda da polícia já estaria lá nos esperando, e o Leo também. A equipe, neste dia, era Daniel, Leo, Victor e eu. Reduzida, pra facilitar transporte e nossas táticas, que tinham que ser ligeiras.
Passaram em casa e fomos. Cansados, mas empolgados com o término das gravações. Entre piadas, histórias e relatos, chegamos rapido. Começou a chover quando entramos em Santo André. Mau presságio. Pensei: "Ferrou. Como fazer as cenas na rua com essa garoa infeliz? Na história, é um dia quente e abafado." Felizmente, depois parou a chuva.
Chegando lá, fui comprar uma fantasia que um dos figurantes (no caso, eu) ia vestir numa cena na rua. Os caras já foram tendo a idéia de transformar o corredor da Escola (que fica num cine-teatro) em cenário, para o hospital. Foi uma ótima idéia e nos salvou.
Fomos montando então o tal corredor de hosital público: improvisamos bancos de espera, uma mesinha, uma "maca", fui conversando com alunos da turma nova que já chegavam para a aula daquela noite. Alguns eu já conhecia, de modo que foi até que fácil convencê-los. Tratava-se de um corredor de hospital por onde transitariam pacientes, médicos, enfermeiros, etc. Esta era a ação. Mau, o anestesista, anda pelo corredor apressado, querendo sair logo do trampo e chegar a tempo no jantar. Em pouco tempo reunimos todos, inclusive alguns alunos da nossa turma: Ana, Ju, Cris... fica aqui o agradecimento a estes colegas salvadores, e também à turma nova (a Gabi por exemplo, e o Rubens, atuaram de verdade mesmo, com falas e tudo mais, no improviso do momento, e ficou bom). O legal é que tínhamos um clima bom e bem-humorado, ainda que tenso. Surgiram várias risadas, porque eram cenas em que o Victor (o Mau) estava muito cômico, quase um Jerry Lewis. Nos cagamos de rir.
Liberamos os figurantes, fizemos as outras cenas que faltavam e começamos a nos agilizar pra ir, acompanhados da guarda, gravar nas ruas. As cenas das ruas foram tranqüilas e também contamos com a boa-vontade de alguns transeuntes que por lá passavam, no calçadão. Nem preciso dizer que foi super engraçado também. Compusemos uns quadros bem bonitos, com a luz noturna e (detalhe muito proveitoso) o chão molhado, pois tinha chovido.
Em seguida fizemos as do ponto de ônibus, em que Mau faz sinal pro ônibus e entra nele (mais figurantes ocasionais apareceram), e voltamos felizes pra Escola.
Na Escola fiz mais alguns planos com o Victor, dele no telefone, de modo improvisado, pois não tínhamos mais tempo. Depois, captamos algumas voz over do Victor, e da Ana e da Cris falando com ele ao telefone, e foi isso. Terminamos no tempo limite, com aquela sensação de dever cumprido. Não posso reclamar de não ter conseguido alguns planos que tinha em mente. Fizemos o possível e o impossível. Nos entregamos mesmo.
E foi isso, na manhã seguinte fui devolver os equipamentos da Bureau, e começar a pagar algumas contas e dívidas que contraí durante as gravações. Essa parte é chata, mas não tem jeito. É assim que é. Ainda hoje, quase duas semanas depois, ainda estou acertando esta parte dos gastos aos poucos, vendo o que deixei pelo caminho, tentando deixar tudo em ordem. E tentando conciliar o meu trabalho de design com essa rotina de loucura que a gente vive quando grava ou filma.
Alguns contatos já foram feitos em relação à montagem do filme (inclusive com um professor nosso muito querido e muito bom), e espero começar em breve a montá-lo. Este fim-de-semana agora estou mexendo no making of, que quero montar antes do filme, e talvez consiga fazerum trailer para iniciar a divulgação. Falando em divulgação, temos idéias muito legais também para cartazes e coisa do tipo.
Manterei a todos informados. E logo mais coloco as fotos, que estou devendo já!

abraços

Will

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mais algumas ilustrações


Caros, peço desculpas pela demora pra prosseguir com o "diário". E também pela demora para colocar os logos dos apoiadores e colaboradores, estou esperando alguns enviarem-me os logos para poder colocar todos de uma só vez.
Seguem algumas ilustrações que estou preparando para a divulgação do filme, além da do Timmy como vinil, na barra lateral do blog, e a do macarrão, do título. As ilustras entrarão em cartazes, capa e coisa do tipo. Ainda não estão finalizadas.
Ainda estou tentando chegar num estilo mais definido para as ilustrações, para o traço. Minhas referências de pesquisa para elas foram o Dr. Fantástico (Kubrick), Tudo sobre minha mãe (Almodóvar) e Juno (Jason Reitman), mas ainda estão cruas, variando muito de identidade.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ação!


É sempre assim, em toda diária (e tem que curtir o fato de ser assim, porque faz parte): o primeiro, segundo planos sempre demoram pacas pra serem "compostos" e filmados. Depois que a coisa engrena aos poucos e flui com maior rapidez.
Os primeiros foram os de Timmy e Laena (o casal de personagens que dá a festa no apê novo) na cozinha. Matamos todos os da cozinha primeiro, esta virando, em seguida, sala de produção (alimentos, objetos de cena, video-assist...). Comecei a ficar meio em pânico, porque estávamos umas duas horas atrasados. Mas devo dizer que os planos ficaram bem trabalhados. A equipe de luz, por exemplo, se tornara ágil e tinha se organizado pra não precisar mudar muito os refletores depois que a parte da cozinha foi feita.
Passamos pros planos da sala, maiores, alguns deles planos-seqüência bem difíceis. O Daniel tinha que se posicionar de uns modos mirabolantes por causa da decupagem absurda que eu propus! Isso influenciava a posição do Leo, do Perillo (assistente de Som, novamente), do video-assist, do cenário, de tudo. Algumas vezes ele ou a Teresa propunham uma mudança de ângulo, de posicionamento, de quadro, etc. Em alguns casos cedi, mas em muitos fui muito teimoso (e peço desculpas a todos por isso) e bati o pé. Sou um cara teimoso demais, esse é um dos defeitos que ficaram evidentes lá, como diretor quase estreante. Se eles fossem uma equipe calejada, com décadas de profissão e vivência nas costas, e, mais ainda, se não fossem meus amigos com muita boa vontade, teriam me mandado à merda e ido embora. No calor da coisa (como disse o Daniel, como no futebol), os ânimos se alteram vez ou outra, e isso faz parte, se não fosse isso não valeria a pena e não cresceríamos como pessoas ou profissionalmente.
A última cena gravada nesta diária foi a última do filme, o final. Era úma das poucas em que o protagonista Mau (vivido pelo Victor) contracenava com o pessoal do Jantar, de modo que liberamos ele do dia seguinte.
As gravações se estenderam até quase de manhã. Quando o pessoal foi embora já deviam ser seis horas, eu acho. Arrumamos algumas coisas pro dia seguinte, mortos de cansaço. Eu me sentia um caco. Satisfeito com o que gravamos, com o empenho de todos, porém temeroso e incerto quanto a Domingo, pois estávamos bem atrasados e eu teria que cortar uma série de planos para dar tempo de fechar a história. Mas sabia que eu não tinha conseguido manter a ordem e a paz total no set, e dar conta de todos planos que nos propusemos a fazer (a maioria) no Sábado.
Fiquei lá pelo Daniel mesmo, eu e o Tião, porque não valeria muito a pena ir pra casa e voltar. Capotei. Descansei até que bem, e era necessário. De manhã, chamei o Tião e batemos aquele papo pra espeirecer, como tínhamos feito semana passada em casa. Fomos tomar um café, respirar. Papo vai, papo vem, hora de voltar.
Sentei com a Teresa e o Daniel (como na semana passada), era hora daquele famoso "super corte", passar o cutelo sem dó. Reduzimos as dezenas de planos a meros - porém essenciais - 13 planos. Primeiro faríamos os que não tinham a Adriani, que chegaria mais tarde, e alguns foram readaptados. A luz permaneceria a mesma, mas mudaríamos a entrada de luz na câmera em alguns casos, que eram os do momento em que a luz da sala é apagada por Luan, o fanfarrão (vivido pelo Vinicius), e a coisa toda começa a virar um caos na história.
Como no Bar, o segundo dia do Jantar fluiu com mais rapidez. Não atrasamos tanto. Mas o cansaço imperava, em muitos momentos. E, por ser Domingo, a coisa se agravava: muitos dos atores e membros da equipe tinham que entrar no trabalho bem cedo, ou tinham provas importantes, enfim... iríamos até a 1 hora no máximo!
Houveram muitos momentos engraçados e divertidos, como os planos em que a Luiza mudava de figurino e estilo e dançava vários ritmos diferentes perto do toca-discos, indicando a passagem do tempo e o avanço do caos na história. Era um tal de muda cabelo, muda maquiagem, muda figurino, muda disco de vinil, muda personagens que estão ao fundo do quadro, ufa!
Faltando dois planos, de certa complexidade (um deles era o longo plano seqüência em que a baderna está rolando solta no jantar - Luan perseguindo Dolores, que sobe na cadeira, bêbada, chuta-o, ele cai, em seguida ela também tomba, a Paty surtando no meio daquilo tudo sem entender nada, e logo mais à frente chegamos à briga dos primos, com a Laena tentando separá-los, endoidecida e trôpega de vinho), corríamos e esquecemos alguns detalhes de continuidade no cenário. Essa foi uma das grandes trapalhadas. Mas foi resolvido, não sei se teve alguma quebra muito grade ainda.
Na parte da briga, devo elogiar a entrega do Juliano (Timóteo "Timmy" Donini) e do Lucas (Janjão Ceregatti), que se pegaram no tapa meio que "de verdade", com muita intensidade, e, como o próprio Leo me contou depois, os sons da briga ficaram bem reais mesmo, no que ele captou. Este plano eu fiz a câmera, na mão, e houveram mil dificuldades, porque ou o fio atrapalhava a movimentação, ou o Leo aparecia em quadro com o boom, ou algum refletor aparecia. Em algumas partes balançou pra caramba, e ainda não sei se incorporo isso à linguagem ou se insiro alguns planos-detalhe no meio da ação geral. Só sei que terminei o plano num contra-plongé ao lado do Lucas, no chão, tento ao "alto" a mão do Juliano pronto pro golpe final (nessa hora é que o Maurício entra no apê no meio daquela confusão toda). Eles estavam como Ray Liota e DeNiro, ou Joe Pesci, em Goodfellas, se pegando no tapa dum modo bem realista, e vibrei muito com esta parte.
Outro momento muito legal foi quando fomos pra rua fazer os planos do Maurício correndo todo detonado, indo do bar pro apê. Já era tarde, as ruas tinham pouco movimento. Com cautela, fomos fazer sem a guarda (houve confusão com o horário que a polícia nos daria apoio), uma câmera (caríssima) na mão e a coragem.
Em certo momento notamos um bar que havia lá, ao lado, onde estava rolando um tipo de baile de Halloween. Algumas pessoas animadas estavam em frente ao bar, e olhavam com curiosidade pro bando de doidos (um vestido de médico, parecendo que levou um tiro na perna, ensangüentada) com uma câmera aquela hora, na rua. Notamos que havia um pessoal fantasiado. Uma mulher vestida de diabinha estava entre eles. Na hora veio a idéia. Acrescentar estes detalhes na hora é a coisa mais divertida. Fui perguntar se ela não queria fazer uma figuração durante a "corrida" do Maurício pelas ruas, e logo veio também a amiguinha dela, igualmente fantasiada de vermelho. Ficou no mínimo surreal aquelas duas moças fantasiadas de diabo, conversando na rua, enquanto o personagem corria desvairado rumo ao Jantar de Sábado à Noite.
Enfim. Terminamos lá pras 2 horas. Uma hora atraso do previsto. Os atores foram indo embora, se despedindo, se abraçando, aquele clima de coisa (parcialmente) concluída. Alguns atores ainda ficaram um pouco. Fomos desproduzindo tudo, juntando equipamentos, cenário e tudo mais, o que levou algumas horas. Mortos de sono, abrimos uma cidra e ficamos batendo papo na sala, onde a atração era o Akira, cão do Daniel e da Teresa, muito divertido e que, por ter ficado preso na garagem durante as gravações, estava eufórico. Demos muitas risadas ali, naquele momento de "descanso", e logo mais já ia amanhecer. Teríamos poucas horas pra dormir, pois tínhamos que devolver equipamentos alugados de manhã, e começar a jornada de segunda-feira, a última diária do curta-metragem.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Segmento do Jantar

Olá, amigos!
Desculpem a demora pra postar novamente! Terminamos segunda à noite a nossa "odisséia", e só estou voltando ao blog agora, quinta-feira. Preferi dar uma descansado antes, fazer um balanço mais racional da coisa toda. Mas vamos lá... recapitulando:
O "Round 2", ou seja, as cenas referentes à ação do jantar de Sábado à noite do título, começou Sábado de manhã. No dia anterior, sexta, tínhamos um atraso considerável em relação a reuniões, decupagem, ordem do dia, e outros aspectos de produção. Eu deixei a coisa atrasar, por descuido, e aí vi a quantidade de responsabilidades que tinha acumulado para mim e para a equipe. Tive, particularmente, uma certa dificuldade para delegar funções e coordenar a área de Direção de Arte, em relação a horários e disponibilidades. Aconteceu que, por exemplo, a maquiadora que chamamos originalmente, Rachel, nao pôde ir no segmento bar e tampouco no do jantar. Foi um dos meus erros de programação. Outro foi em relação ao figurino e os cenários, então acabei tendo que ir atrás de elementos destas áreas, em cima da hora. Sexta-feira à noite, Halloween, o terror começou. Mas ao invés de ficar desesperado, e estando cansado, fui espairecer um pouco e esquecer por alguns momentos as aflições do dia seguinte. Saí de última hora e fui pra Odisséia de Cinema no Espaço Unibanco, que começava às 23:30, meia-noite... e recomendo, pois o evento creio que supera o Noitão do Belas Artes, inclusive. Opções de filmes em 3 salas, com temas diferentes, incluindo estréias e clássicos do terror (provavelmente por causa do Halloween). Nos intervalos, uma "balada" no próprio espaço. Fomos ver o novo do Woody Allen, depois um filme japonês que não lembro o nome (ambos incríveis), e o terceiro optei por não ver. Saí de lá satisfeito. Quando voltei já era de manhã, e não haveria nem tempo para dormir.
Tenho plena consciência do que fiz (não ter descansado o suficiente), mas isso foi previsto e, realmente, não necessito tantas horas de sono quando estou trabalhando com afinco em algo que me interessa. O Daniel sabe bem que, em muitos ensaios e reuniões, eu tinha virado sem dormir, e permanecia até o final, até a hora que precisasse.
Enfim... dormi umas duas horas e levantei pra poder começar a jornada. Alguns telefonemas, e chequei como estavam as coisas: a Teresa na correria com compras que precisávamos fazer de alimentos pra equipe, e itens de elétrica e fotografia (os caras conseguiram montar as barracudas nas paredes do apartamento do Daniel e da Teresa, idéia do Tião que solucionou váios problemas de movimentação de câmera, som e luz. Pra quem não conhece a barracuda fica presa nas paredes, como uma tora, onde se acoplam os refletores e outros itens de iluminação). O Daniel resolvia o equipamento de luz.
Saí correndo. Passei em alguns lugares para comprar parte do cenário e definir o que íamos fazer para forrar as paredes. A idéia no começo era forrá-las com tecido, mas vi que isso ia sair muito caro - queríamos dar a impressão de que tivesse papel de parede, uns bem bregas, coisa que não se usa mais, antigão. Acabei testando uns lençóis de casa e fui com os lençóis mesmo.
Aproveitando uma carona do Vinicius, um dos atores, fomos rumo à locação na casa do Daniel. Lá, a movimentação já era grande. Vi que não havia ninguém fazendo menos do que pudesse. Reconheço, sempre, que o esforço de todos foi fenomenal, além do normal, e que, se não fosse esta equipe e a boa paciência e tolerância do casal Teresa e Daniel, nunca teríamos feito este filme. Toparam usar a casa deles para este segmento, e confesso que dei algumas mancadas no quesito "manter o apartamento em ordem e inteiro". Devo admitir que me faltou experiência e perícia para tal. Mas isso explico melhor mais pra frente.
Aos poucos fomos montando o cenário da cozinha e da sala de jantar, e organizando a sala dos fundos, que serviu como camarim, depósito de objetos de cena e sala de descanso e alimentação para os atores (alguns dormiram lá em certos momentos). Um corredor, ligando estas duas salas, estava atulhado de equipamento de luz, som e outras coisas. Eles podem não acreditar, mas eu olhava pra aquilo com aflição, como se fosse a minha casa, porque sabia que quem ia ouvir um monte depois seria eu. Mas tanto eles como eu, na hora, nos incorporamos ao filme e deixamos a coisa ser feita, do melhor modo possível.
Atores chegando... algumas pessoas se conhecendo. É incrível como algumas pessoas de equipe / elenco só foram se conhecer no dia da gravação! O ambiente era amigável, harmonioso. Logo me preparei para ir para outro lugar (uma garagem, ao ar livre) ensaiar com eles, enquanto a galera terminava de ajustar luz, som e cenário, e enquanto o preparador de elenco não chegava.
Estava novamente um tempo bom, e agradeço aos céus por isso. Acho que realmente influencia o ânimo das pessoas. Mas apesar do clima bom, eu estava tenso por dentro, e às vezes acabava sendo um pouco nervoso com a equipe (estava era cobrando a mim mesmo nestes momentos, e me xingando pela falta de planejamento e preparo).
Descemos, nos acomodamos lá na garagem. Fizemos uma roda, eu e os atores (estavam todos, menos a Adriani, que faz a vizinha patricinha). Ficamos um tempo relaxando, falando besteira e contando causos, piadas... aquilo era muito bom. Senti, naquele momento, mais uma vez, o carinho que tenho por todos eles, e a gratidão que sinto por terem abraçado o projeto, entregues a ele sem cachê. Se transformaram nos personagens do roteiro, adicionando suas próprias nuances, e isso é muito valioso, não tem preço. Foi um momento muito especial, que guardarei com muito carinho. Tentávamos fazer uma nova leitura do roteiro, mas acabávamos fazendo piadas e caíamos na gargalhada. Eram (são) muito divertidos: Lucas, Vinicius, Luiza, Alaissa, Juliano, o Victor... e a Adri também, que chegou depois. Um time bem-humorado, carismático, com uma boa energia e empatia. Os dois "núcleos" do curta, bar e jantar, têm elencos muito especiais. E diferentes. O grupo do Bar é mais misto, em relação à idade e ao estilo, à pegada (acho que essa mescla torna o aspecto "social", a vivência e o contraste de gerações e rumos a serem seguidos o cerne do grupo - em relação à história). Já o Jantar, a galera é toda dos vinte e poucos anos, alguns pensam parecido, têm muita idéia para trocar e se identificam uns com os outros, de uma forma ou de outra. Eu mesmo me identifico com eles, e com seus personagens. Alguns, inclusive, viveram recentemente coisas parecidas com o que os personagens estão vivendo naquela ação do roteiro (isso inclue a minha pessoa).
Mas voltando: fizemos alguns aquecimentos, e começamos o último ensaio antes de gravar. A coisa seguia de modo divertido. Muitas risadas. Acho muito importante se divertir quando se trabalha, especialmente assim, logo antes de gravar, para dar aquela relaxada. Logo veio a maquiadora nova, a Paty. Mulher do Igor, que fez a maquiagem de efeitos no Bar, ela nos savou desta vez, e maquiou e fez os cabelos de todos neste fim de semana. Ela começou a maquiar alguns que já iam gravar, o preparador, Will Damas, chegou, deixei os atores com ele e fui ajeitar os últimos detalhes para começar a gravar. Estava na hora.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Round 2

Fim de semana que vem gravamos a segunda metade do curta. Após algumas reuniões de pontos bons e ruins do último fim de semana, estamos confiantes e ralando pra garantir diárias cada vez melhores. Já corro atrás de elementos de arte, cenário... um pouco de tudo. E listando os planos a serem gravados, com aquela "podada" básica, já, porque já vi bem como é a coisa.
Durante esta semana estive dando uma certa descansada. Querendo ou não, filmagens nos desgastam (foram dois dias quase ininterruptos de gravação, produção, desprodução, etc...). Nunca fui de reclamar muito de cansaço, mas é penoso. Porém, vale a pena. Quando você vê, a coisa tomou proporções gigantes e envolve um monte de gente, e isso é que é mais divertido e prazeroso: o coletivo. Aos leigos, aviso o que professores e diretores me passaram, em aulas e em programas de TV: cinema é trabalho em equipe. É convivência. Se você não gosta de trabalhar com outras pessoas, faça quadros (natureza morta) ou esculturas.
E o aprendizado que vem com esta convivência é a melhor coisa, independente do resultado. Uma coisa é o "durante": é mágico, é fugaz, ágil, passa rápido porém tem lá tudo concentrado, meses de planejamento e divagações e criação, e quando se registra os planos, os quadros, todo cuidado é pouco: você tem que pintar o quadro todo naquelas horas, não pode corrigir no dia seguinte. Todos têm de estar entrosados.
Tenho pensado muito sobre isso. E também sobre referências artísticas. Passei muitos filmes para a equipe e para o elenco se basear - fotografia, arte, figurino, atuação -, e é algo pertinente no meu modo de trabalhar. Só pra citar algumas referências estéticas (luz, arte): A Comilança de Marco Ferreri, O Jantar e Feios, Sujos e Malvados, de Ettore Scola, Uma Mulher Sob Influência, do Cassavetes, Os Bons Companheiros, Mean Streets, After Hours, Touro Indomável, Os Infiltrados, de Martin Scorsese, Quando explode a vingança, Era uma vez na América, Era uma vez no Oeste, de Sergio Leone, A Doce Vida, Noites de Cabíria, de Fellini, São Paulo S/A, de Luis Sergio Person, O Bandido da Luz Vermelha, do Sganzerla, e dá-lhe Bertolucci, Sergei Eisenstein, Fernando Meirelles, Anjos da Noite, Carlos Gerbase, Fátima Toledo, Lucrecia Martel, Almodóvar, Taranino, Rodriguez, os cantores Paul Anka, Robeto Carlos, Tony Manero, Fábio Júnior, James Caan em O Poderoso Chefão, Liv Tyler em Beleza Roubada, a Adriana de Rocky, um Lutador, os bandidos de Snatch de Guy Ritchie, os bandidos de Cidade de Deus, Peter Parker, e Bill Murray, e Faça a Coisa Certa, de Spike Lee, e O Cheiro do Ralo, e músicas italianas de Rita Pavone, e Pepino DiCapri, a jovem guarda, o jazz brookliniano de Louie Prima, a música estonteante da Motown, do creoule, do spirituals, Cab Calloway, o hip hop, o samba, o espírito paulistano, a malandragem de nossa cidade, o caos madrugador e acolhedor e contrastante deste lugar onde vivemos... onde tudo borbulha, exagera, mistura, cativa, enoja, misteriza... minha família, a família dos outros, meus grandes amigos de infância, minha descendência, minhas aspirações, minhas brigas, minhas ex-namoradas, minhas festas, colegas, espaços, conflitos e lugares por que passei e vi outros passarem (como meu pai, ou algum ex-chefe, ou algum dono de bar, ou alguma garota que vi passar e nunca mais pensei), viagens, experiências... enfim. Nosso inventário é imenso, e eu tinha (tenho) uma série delas pra expor por aí, esta é a maneira que encontro no momento pra pôr pra fora: um filme. Um filme curto, mas certeiro: pra te acertar no meio da testa em poucos minutos. Ou no estômago. Ou no coração. Tanto faz.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Assalto de Sábado à Noite (e de tarde, e domingo, e madrugada adentro...)

Boa noite a todos!
Esperava ter feito mais um "ensaio" na sexta-feira antes de começar a correria toda, mas ficou impossível, pois as coisas começaram a acontecer e o tempo apertou e entramos em ritmo de não poder mais parar para pensar, e fazer acontecer.
Sexta pegamos os equipamentos na ELCV e nas locadoras com as quais firmamos parceria, e não era pouca coisa. Minha sala ficou totalmente atulhada de equipamento. Temos até que uma quantidade boa de opções para luz e para som, mais do que eu imaginava ser necessário para "O Jantar". A câmera me deixa bastante satisfeito, assim como ao Daniel (fotógrafo) e os demais membros da equipe. Estamos gravando em cartão de memória, com 8GB e 16GB, o que nos garante despreocupação com pausas para troca de fita e a possibilidade de fazer alguns backups a mais em HD's externos.
Já cansado na sexta à noite, não pude rever os planos com atenção e eliminar alguns como tinha prometido à equipe. Resolvi descansar, coisa que pude fazer até que bem, de sexta pra sábado. De manhã, uma parte da equipe foi pegar o que faltava de equipamento de som e câmera, e íamos nos comunicando por telefone e e-mail. Chegaram numa caravana que já trazia dois atores, o Victor (Mau, o personagem principal) e Stephanie (a Mulher do Violão), que eu só havia falado por telefone (explicando: esta moça corajosa encarnou um papel - menorzinho, é verdade, mas fundamental - no último momento, para nos salvar de um imprevisto que ocorrera com outra atriz, e veio para ensaiar somente no dia, antes de gravarmos!).
Já com boa parte da equipe, almoçamos e fomos carregando os carros com equipamento, para levá-los à locação, o bar, que era próximo e fechava por volta das 15 horas (para nossa sorte!).
Eu, a Teresa (minha assistente) e o Daniel revíamos, às pressas, os planos do dia, tentando eliminar o que pudéssemos, pois minha decupagem apresentava ainda uns 50 planos para serem feitos em dois dias (inviável, é óbvio). Definidos os fundamentais, fomos levar tudo pra lá. Objetos de cena, e tudo mais.
O dia estava extremamente quente (clima de verão, solzão) e isso vi como um ponto positivo, uma por causa da ação da história, que se passa num dia muito quente em São Paulo, e também porque vejo algo muito positivo neste tipo de clima para se trabalhar. Acho que a equipe fica mais empolgada com sol, apesar do calor.
Os atores foram chegando para ensaiarem na minha casa, com o preparador de atores, o Wil Damas. Eles tocavam o ensaio enquanto organizávamos luzes e cenários. Montei o cenário junto com a Renata, enquanto a Carmen (apelido da Maria do Carmo) cuidava dos figurinos, lá no ensaio.
Senti a tensão (e também a excitação) da equipe de luz - Daniel, Wesley e Tião, da elétrica - montando a parafernália e tentando agilizar aquela que é a parte mais pesada e mais demorada. Eu dava uma ajudada em todos os setores (mais no cenário), vira e mexe fazendo o making of junto com o Leo, que já ajustava seu equipamento de som. Mais tarde teríamos a presença de ninguém menos que Rodrigo Perillo no set, sendo o assistente do Leo (e garantindo algumas boas risadas, é claro!).
A tarde foi caindo e logo já era hora de começar. Começamos um pouco atrasados, mas isso parece que é sempre inevitável em cinema. Há muitos imprevistos. O clima era bom, apesar da correria. Mas eu estava bastante tenso, preocupado para que tudo corresse bem. Começamos não me lembro que horas a gravar. No início, as coisas parece que custam a acontecer, se arrastam um pouco. É normal. Até pegar o ritmo é assim. Mas logo comecei a ver que não haveria tempo para fazer toda a decupagem original: cortamos dezenas de planos que, enfim, nem eram cruciais. Eu acho que o crucial, com uma exceção ou outra, foi feito. Mas a situação era preocupante: ter tempo pelo menos de gravar os planos do segmento “bar” que fechassem a história, caso contrário, tudo seria em vão. Em certo momento me senti meio megalomaníaco querendo gravar todos aqueles planos, alguns ultra-difíceis, em dois dias. Fui aconselhado pelo Daniel e a Teresa a cortar e deixar o essencial. Foi o que fizemos.
As gravações se estenderam até o meio da madrugada, e todos – elenco, equipe técnica – já estavam só o pó, eu mesmo não raciocinava mais direito. Foi hora de parar. Arrumar um jeito de todos chegarem em casa pra descansar, e no dia seguinte repensar as cenas, de cabeça um pouco mais fresca. Os planos estavam ficando bons, isso é verdade. Os atores tinham ensaiado bem, tinham a ação toda fluindo bem. O Will Damas fez um trabalho espetacular. Note bem: atores de teatro, todos eles. Atuando, a maioria, pela primeira vez para vídeo (ou cinema). Mas o pessoal estava desgastado, um tanto estressado. Isso acontece. Eu, por exemplo, em alguns momentos fiquei muito estressado, cheguei a explodir uma vez, e isso é algo que estou aprendendo a controlar: ter frieza em certos momentos, e não deixar o emocional se sobrepor sobre o racional.
Fui dormir acho que lá pras 6 da manhã, não me lembro. Dei uma descansada de algumas horas e já levantei. Tião, eletricista, já estava de pé. Ficamos conversando sobre os mais variados temas. Preferi abstrair. Respirar, falar de coisas alheias ao filme.
Depois do bate-papo, telefones tocando, assuntos pra serem resolvidos. Sentei no computador, nem quis olhar as ordens do dia e seqüências de planos que tínhamos feito. O básico estava na cabeça. Uma coisa meio glauberiana: já se sabe a “base” sólida planejada, então é hora de pegar tudo, amassar e jogar fora. Fazer o novo. Escrevi rapidamente, em cinco minutos, todos os planos que eu achava essenciais de se fazer, de impulso. O que montava a história que eu tinha na cabeça já há meses. Imprimi, e era isso. Toca pra locação.
Dia de eleição. Ao lado do bar que nos serviu de locação, dois colégios, zonas eleitorais. Já contávamos com isso, claro. Clima de eleição, muita gente caminhando, muitos carros parados nas ruas lá perto. Sol. Senti uma vibração boa nisso tudo. O pessoal ia chegando, comentando às vezes sobre política, pelo menos um pouco mais descansados agora. Começamos a falar sobre os planos essenciais. Fechamos a pequena lista: se resumiram a 14, pra fazermos até meia-noite.
Após um pequeno atraso, começamos a gravar no Domingo, às 18 horas. Tudo correu bem, e de uma maneira melhor, a meu ver, que o dia anterior: já estávamos mais calejados, mais ágeis. Nota: neste dia foi o Fabrício, da ELCV, quem nos ajudou na assistência de som. E lembrando também do Igor, que foi chamado meio que na última hora, e fez a maquiagem de efeitos e efeitos especiais nos dois dias. A coisa fluiu, a maioria dos planos saiu como imaginávamos. Só no final, que novamente o tempo apertou, foi chegando a meia-noite e faltavam uns 3, 4 pra gravar. Tensão.
Num dos últimos, já sentia aquela empolgação, uma euforia no ar de coisa que está prestes a se consumar, se realizar. Este era um plano complexo, com todos atores num longo plano seqüência, visto de cima (plongé), com troca de tiros, pancadaria, efeitos especiais (sangue do tiro), e a fuga de um dos bandidos pela porta do bar. Eis que numa destas tentativas, quando ele levanta a porta de ferro e escapa correndo pra rua, lá fora está a maior euforia, carros de bombeiro descendo a avenida a toda, sirenes ligadas, criando um certo elo dramático com a situação da história que só posso considerar pura sorte. Era como se a situação alarmante do estopim do assalto encontrasse eco no caos que ocorria, de verdade, nas ruas naquele momento. Vibramos.
Finalizamos o último plano que tinha todos os atores. Alguns membros foram liberados, faltando somente o último plano, o da “discoteca”, em que o personagem Quedinha, um dos bandidos, imagina-se dançando sob um globo de luz dos anos 70, enquanto lembra toda a história da black music, que conta para os reféns do bar. Confesso que foi um momento especial, também. A luz criada pelos caras ficou sensacional, de verdade. Aquele bar virou uma discoteca com cores ótimas, movimento, energia, fechando com chave de ouro a diária.
Houveram falhas, atrasos, imperfeições, mas o esforço todo compensou, creio eu. Todos estavam mortos, caindo em pé. Mas era hora de desproduzir tudo, pois o bar iria abrir às 6 da manhã na segunda-feira. O dono do bar chegou, e todos (incluindo os atores) nos ajudaram a limpar, juntar, varrer, ensacar, reorganizar tudo no ambiente grande que incluía o bar, a cozinha, o depósito e dois banheiros.
Levamos o pessoal pra casa, voltamos, eu, o Tião e o Daniel dormimos poucas horas e já levantamos pra irmos devolver os equipamentos alugados e os da ELCV. Voltando, eu tinha trabalho atrasado para entregar, e não pude nem descansar ainda direito. Mas valeu a pena.
Quero fazer uma menção especial também aos meus pais, que deram a força fundamental pra que tudo funcionasse. Realmente, sem eles, as coisas não teriam dado certo. Foram verdadeiros produtores, assim como alguns atores, e o dono do bar, o Adílson. Os agradecimentos mais do que especiais vão a eles.
Porém, nem tudo é festa ainda. Faltam uns 60% do curta para serem grados Sábado, Domingo e segunda-feira que vem. Espero corrigir algumas falhas em meu trabalho, e organizar o set melhor desta vez, além de ser realista em relação ao pouco tempo que temos pra criar.
Durante a semana, com reuniões, ensaios e produção intensa, posto mais por aqui.

Beijos e abraços
Will

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pelé X Papa

Olá meus caros!
Seguimos com a correria, a corrida contra o tempo pra termos tudo pronta pra gravarmos Sábado e Domingo agora, dias 25 e 26, os segmentos do filme relativos ao assalto no boteco.
Incrivelmente, fechamos duas questões super importantes entre ontem e hoje: uma das personagens, que estávamos sem atriz devido a vários imprevistos; e a questão das armas utilizadas no assalto, uma coisa que hoje é uma complicação a mais pra quem é de cinema e teatro (as réplicas são muito caras, e nem armas de brinquedo encontra-se pra vender, pois foram proibidas). Recorrendo a amigos, conhecidos, enfim, a tudo que está ao nosso alcance, vamos fechando a produção pra este final de semana.
Uma questão interessante é que, agora, me vejo indo atrás de dois elementos cenográficos de total importância para a decoração do bar, que são os itens de futebol e os itens de religião expostos pelas paredes do mesmo. Foram deixados por último, mesmo sendotão cruciais para compor aquela atmosfera de "bar do Bixiga" que queremos dar. Isso me faz pensar no quão próximos estão a religião e o futebol para o brasileiro (ou para o italiano), no que diz respeito ao sentimento de fé, esperança e conquista. Somos um dos países que melhor representam estes dois universos, causadores (ou impulsionadores) de alegria, tristeza, emoção e, diga-se de passagem, violência (que é o ponto crucial do filme, pelo menos na forma).
Estes elementos compõem o quadro paulistano da história, e convivem lado a lado, naquela parede de bar, observando os atos absurdos que lá se desenrolam. Eu não sou lá muito apegado a ídolos e estátuas de santos, mas reconheço o seu valor. Quando conquistamos um título, vencemos um Campeonato, seja ele qual for, lá está aquele ídolo - o troféu - simbolizando uma conquista. Tem alguma coisa nele que me lembra uma estátua da Santa Acherupita, paradona, lá, estática e sendo alimentada por alguma fé.

Torçam (ou rezem) por nós.
Will

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Mau e o Filme

Maurício. Esse é o nome do personagem.

Victor. Esse é o meu nome.

Parece ridículo tentar se lembrar do próprio nome né? E na verdade é isso mesmo.

Mas ler um roteiro cujo personagem principal, por coincidência ou não, leva uma vida igual a sua. Tentar interpretar a si mesmo em um filme provoca este tipo de reação. Se "O ator é um fingidor", nada me parece mais difícil que desassociar a dor de um personagem da minha própria.

Muitas vezes me vi ao telefone dizendo: "To indo, mas vou atrasar!" para um casal de amigos (né, Daniel, Teresa), quantas outras vezes não fui xingado por não ter tempo de sair com outros amigos, e quantas vezes me meti em rolos e confusões que nem sempre eram minhas, mas que exigiam soluções minhas.

Esta é a vida do Mau. E é a minha também.

O tempo é o ponto que mais mexe comigo. À primeira vista não salta aos olhos no roteiro, a violência parece ser o mais explícito, mas é a causa de boa parte deste roteiro. É pela falta de tempo que Mau faz o que faz no Bar (o que é? não direi...), é por conta dele que tem sua vida em turbilhão e por conta dele não consegue encontrar seus amigos com frequência.

Se a violência parece ser o protagonista do filme, o tempo parace ser o leitmotiv.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sinopse e ficha técnica

Ficha Técnica do Curta-metragem "O Jantar de Sábado à Noite":

Produtores: Daniel Bilenky, Samarah Kojima, Teresa Noll e Will Pereira
Roteiro e Direção: Will Pereira
Assist. de Direção: Teresa Noll
Preparador de Elenco: Wil Damas
Fotografia: Daniel Bilenky Fuentes
Assist. de Fotografia: Wesley Moreira
Som direto e edição de som: Leonardo Scariotti
Direção de Arte: Renata Nogueira e Maria do Carmo de Lima
Maquiagem e cabelo: Rachel Ramos
Elétrica: Tião

Elenco:

Adriani Richter.......................Paty Lima (Miss Amanda Jones IV)
Alaissa Rodrigues...................Dolores Clemente
Azê Diniz..................Angelina
Djalma Das.......................Quedinha (Bartolomeu C. Branco)
Jefferson Lima........................Máicou Élvis Figueiredo
Juliano Mazzuchini.........................Timóteo Donini (Timmy)
Lucas Leal.........................Janjão (Jaime Ceregatti)
Luiza Novaes........................Laena Dulce
Marco Stocco.........................Dono do Bar
Victor Amatucci.........................Mau (Maurício Gomes)
Vinicius Matiazo.........................Luan Alcadipani


Apoiadores e patrocinadores: ELCV, prefeitura de Santo André, MVW Informática, Lanchonete Toy, Restaurante Luna DiCapri, Locall (locadora de equipamentos), Bureau (locadora de equipamentos), Espaço Zé Presidente.

Agradecemos desde já a colaboração de parceiros e apoiadores!

Trajetória d'O Jantar de Sábado à Noite (parte 2)

(Continuação do post anterior)

Descobri depois que não passei na Escola de Cuba, por muito pouco, e então comecei a me dedicar a projetos que tinha, como este do curta-metragem, pelo qual estava me apaixonando aos poucos. Comecei a contatar alguns atores, além do Victor. Mandava a prévia do roteiro, alguns já estavam tão empolgados quanto eu com a história. Mas as datas de realização foram se arrastando, aí comecei a perceber que era mesmo uma "grande" produção pra um filme de 15 ou 20 minutos, então eu, Daniel e Teresa passamos a nos reunir pra definir prazos, datas e orçamentos. Enquanto isso eu finalizava o roteiro, e ia passando a eles (a Teresa como assistente de direção), que entendem mais de roteiro do que eu (eu não sou um bom roteirista), então eles "limavam", riscavam, criticavame eu reescrevia.


Passei a reunir a equipe aos poucos: o Wesley na assistência de fotografia, o Leo (dos "Réti Péki") no som, a Maria do Carmo na Arte (depois chamei a Renata Nogueira pra fazer dupla com ela, e a Rachel pra maquiagem), a Samarah (namorada do Leo) na produção e o Tião na elétrica. Com 4 pessoas na produção (Samarah, Daniel, Teresa e eu), dividimos funções e fomos agilizando as coisas aos poucos. Eu me reunia com cada ator do elenco em particular, para uma conversa informal, passando diversas referências a eles, de atores e personagens de filmes a HQ's e desenhos animados. O enfermeiro Maurício (ou Mau), por exemplo, seria uma caótica mistura de Jerry Lewis com Buster Keaton com Peter Parker com Mel Gibson em comédias, com Bill Murray, com Droopy, o cachorro dos desenhos, com Jack Lemon em Se Meu Apartamento Falasse, com o protagonista de After Hours, do Martin Scorsese, com algumas coisas do Woody Allen em Bananas, enfim... não faltavam referências. Num encontro desses o Victor me contou uma história que me fez pensar: "Puxa... ele é o personagem, ninguém tira o papel dele, nem o Pedro Cardoso". Ele contou que uma vez estava com uma garota com quem saía, e estavam saindo dum fast food, de carro, e tendo uma discussão. Brigavam por algo besta, corriqueiro, ele ao volante, e no meio disso, na calçada do fast food, um homem começou a ter um ataque epiléptico, a alguns metros do carro. Gritando com a garota, estressado, teve o ímpeto de ignorar totalmente a briga, sair do carro e correr pra socorrer o homem. Ele tinha conhecimento pra isso, tinha trabalhado em hospital. Salva a situação, a briga ficou por isso mesmo, passou pra outro plano (creio que pra ele e também pra garota). Essa experiência provavelmente os tornou (e tornaria a todos, eu acho) um pouco mais flexíveis em relação a problemas corriqueiros, coisas pequenas com as quais nos preocupamos demais às vezes, em nossa rotina. É um conflito quase idêntico ao que contrui no roteiro para o Maurício, o enfermeiro. Isso vinha muito de encontro a uma das idéias principais para o projeto: partir dos atores. Focar na atuação, no método Stanislavskiano, o realismo que eu queria e que partia da premissa de que muito dos personagens já existia nos atores que eu chamava para o filme.
Eu estava lendo e estudando o Carlos Gerbase, Stanislavski, Lee Strasberg (fundados do Actor's Studio), e bebendo muito da fonte do Marlon Brando, Elia Kazan, Robert De Niro, etc. Desde o início eu queria seguir esta linha. Quem daria o tom seria o elenco, eu queria dar espaço para eles construirem personagens autênticos, parecidos com eles próprios, e que eles pudessem "recriar" suas falas e comportamento em cena, de acordo com o que sentissem. A presença de um preparador de atores era crucial, desde o início. Eu não tinha experiência (como a maioria dos alunos ali) em lidar intensamente com atores para um filme. Essa era a oportunidade de adquirir isto. Chamamos um amigo do Daniel e do Victor, que já tinha dirigido o Victor antes no teatro: Will Damas, meu xará, um cara veterano nota dez, que vem fazendo um trabalho sensacional com o elenco nos ensaios.
Aos poucos fechei o elenco, com indicações de amigos, conhecidos, ex-colegas de faculdade (um deles, o Vinicius, que faz o papel do Luan, o fanfarrão da festa, estudou Publicidade comigo anos atrás). Uma atriz, a Alaissa, que faz o papel de Dolores, a melhor amiga da Laena (dona do apê do jantar), encontrei por acaso no Festival de Curtas de São Paulo. Ela já tinha participado com o Victor (são grandes amigos também) de um curtinha nosso da Escola. Entreguei o roteiro que, "por acaso", tinha na mochila, e ela topou antes de lê-lo. Um ator (Juliano Mazzuchini) e uma atriz (Aze Diniz) peguei "emprestado do curta do Perillo. Outro, o Lucas (que faz o primo galã), veio do "Século XIX". A Adriani Richter, que faz a Paty (patricinha e vizinha do casal italiano), conheci muito por acaso, na Internet. Ela (que é Miss Poços de Caldas e está entrando no mundo do teatro, com duas peças em cartaz atualmente) foi muito generosa dando atenção a um "estranho" que chega do nada falando sobre atuar em um curta. A maioria deles é do teatro, e eu realmente não sei o que seria do cinema, dos nossos curtas e deste projeto se não fosse o teatro. E vice-versa, porque o cinema é uma das maiores "referências" para eles, também. Uma arte ajuda a outra e se transforma com as outras também. Isso inclui o teatro, a música, a dança, etc.
Do segmento do assalto, também chamei o Marco Stocco, um cara 100% também lá de Santo André, que sempre nos ajudou muito em nossos exercícios "Cassavetianos", e o Djalma, que faz o bandido Quedinha, que já era um camarada meu, ligado ao Danilo, colega da ELCV. Ele chamou o outro bandido, o Jefferson, depois.
Voltando à história: tentamos reduzir ao máximo o roteiro, com ajuda de alguns professores, como o Julio Pessoa (co-roteirista de A Casa de Alice). Tinha que caber em 15 minutos, ou um pouco mais. Creio que a versão finalque temos agora conseguiu chegar nesta meta. E isso é extremamente importante, pois desde o início temos como meta divulgar o máximo possível o filme, de modo que ele deve ter um molde "padrão" de tamanho, pra poder se encaixar em alguma mostra ou festival e ser visto pelas pessoas, que é o que eu considero mais importante.
Começamos a correr atrás de patrocínios, apoiadores, parceiros, alimentação, figurinos, cenários, e venho trabalhando uma cuidadosa decupagem dos planos, que ainda precisa ser revisada e modificada, repensada, sempre. Temos conseguido resultados bons, tendo fechado parceria para equipamentos com grandes locadoras, por exemplo. Esta é uma fase crucial. Não temos tempo a perder e todos os dias temos que dar uns dez passos em direção à gravação, que está muito próxima. Esta semana agora estamos fazendo os últimos ensaios com o elenco, e resolvendo questões trabalhosas de Arte, mapas de luz, ordens do dia, etc.




É agora que o bicho pega. Não há tempo a perder. Este fim de semana fizemos a festa de arrecadação para o filme, no Espaço Zé Presidente, em Pinheiros, um bar alternativo com quem fechamos uma parceria. Apesar do dia pouco propício a baladas (Domingo), foi divertido e, mais do que arrecadar uma grande verba, conseguimos gerar uma divulgação bem proveitosa para o projeto. Muitas pessoas estão sabendo dele devido à festa, não só amigos e conhecidos, mas também pessoas que freqüentam a casa.
Em breve posto mais novidades, tentarei fazer isso todos os dias a partir de agora. Aguardamos comentários, sugestões, críticas, etc. dos leitores do blog.

abraços!

Saudações e nossa trajetória até aqui




Olá meus caros, aqui quem fala é o Will, roteirista e diretor do filme curta-metragem de ficção "O Jantar de Sábado à Noite", que está sendo produzido em São Paulo há alguns meses.

O curta é uma produção independente, porém ela conta com alguns apoiadores, como a ELCV (Escola Livre de Cinema e Vídeo) de Santo André, onde alguns de meus colegas de equipe e eu nos formamos, e outras entidades que vou detalhando aos poucos.

"Meses?!", você se pergunta. Sim, meses. Tem sido (e nunca tive dúvidas de que seria, mesmo) uma produção grande e extremamente trabalhosa para um curta-metragem, devido ao número de locações, atores, detalhes de direção de arte e o tipo de ação que nele ocorre. Vou tentar resumir aqui, em partes, essa nossa trajetória que começou no início de 2008.

Lá por volta de Março, ou Abril, eu estava num grande impasse a respeito de qual seria o meu futuro no segundo semestre deste ano. Estava começando a trabalhar por conta própria com meu próprio estúdio (de design, ilustração e vídeo), e terminava o curso de Cinema e Vídeo que citei, da prefeitura de Santo André. Sobre a Escola: http://www.santoandre.sp.gov.br/secretaria/bn_conteudo.asp?cod=3513&categ=sec_cultura

Ãlém disso, estava prestando a EICTV, Escola Internacional de Cinema de Cuba, e cheguei à seleção final, junto com outros 9 candidatos brasileiros. Disputando uma vaga de direção (ao todo são 6 vagas para o nosso país), se passasse correria atrás de uma bolsa e iria para Cuba no segundo semestre de 2008. Se não passasse, ficaria tocando meus projetos por aqui.

Tínhamos um curta a ser rodado em meados de Julho, que seria como um trabalho de conclusão do curso de Cinema. Deveríamos eleger um roteiro de um dos integrantes do grupo e realizá-lo, em dois fins-de-semana, mais ou menos, com uma verba oferecida pela Escola. Mandamos nossas propostas. Eu já vinha tendo a idéia de uma história há um tempo, mas que exigia um certo empenho extra e que poderia, futuramente, quem sabe, gerar um longa. Era a história de um jantar, dado por um casal de italianos do Bixiga, para um grupo de amigos, e no meio deste jantar ocorria uma briga pavorosa entre dois primos, por causa de ciúmes (a mulher, do casal, era uma atriz tentando deslanchar na carreira, e acabava seduzida pelos dotes de "cantor-galã-boa-pinta" do primo italiano que ia à festa). Até então não tinha muita coisa definida, mas era algo regado a muito Scorsese, Cassavetes (cujo cinema "de atores", de improviso e de câmera na mão vínhamos estudando nas aulas, e isso devo ao grande Danilo Solferini, que nos mostrou e abriu a cabeça com Fassbinder e outros), Copolla, Marco Ferri, Leone, ou seja, influências que eu e meus colegas sempre tivemos, ali na nossa "gangue". Um fato engraçado é nosso "apelido", o grupo é conhecido como "Réti Péqui", uma paródia do refinado Rat Pak de Frank Sinatra e Cia. nos anos 50. Enfim. A idéia era deixar a coisa fluir na narrativa, em função dos atores. Uma câmera que os acompanhasse e improvisasse, como eles, em longos planos-seqüência ao melhor estilo de "Festim Diabólico", do Hitchcock, com muito jazz e rock italiano rolando no vinil. A coisa toda virava um caos. Depois acabei adicionando uma outra história à narrativa, que era uma outra idéia que eu tinha para um curta, onde um personagem ficava preso como refém em um boteco, num assalto (isso foi inspirado em fatos reais, ocorreu algo parecido com meu pai anos atrás, e o fato nunca saiu de minha cabeça, de modo que comecei, ao longo dos anos, a imaginar como isso seria mostrado em um filme. aliás, sempre imaginei a ação se passando em um bar específico, bar onde hoje estamos gravando esta parte da história). Este personagem (e a ação do assalto no bar) foi ganhando projeção, e acabou se equiparando (e depois sobrepujando) e ação do jantar italiano. Fundi as duas histórias: o personagem refém virou um enfermeiro atrapalhado e de bom coração, que sai do plantão num sábado à noite e precisa chegar a tempo no jantar do casal italiano (seus melhores amigos), e acaba preso no assalto, no boteco. Ele resolve a situação quase como "herói", e chega no jantar justamente a tempo de separar a briga dos primos e percebemos o quão banal se tornou a violência e o quão frios podemos nos tornar em relação a ela, que existe lá fora e existe aqui, dentro de casa, ao nosso lado.

Esbocei a idéia em forma de argumento, meio em forma de conto, meio em forma de decupagem. Estávamos atrasados em relação ao resto da turma, então corremos e (provavelmente porque era um roteiro complexo e que com certeza excederia os 15 minutos padrão dos curta-metragens), escolhemos o roteiro do Rodrigo Perillo, colega mais novo do grupo e dono de uma incrível imaginação, criatividade e inventário referencial de bom gosto. Aliás, muitas coisas na história dele eram do mesmo universo da minha: era um almoço familiar de Domingo, onde a coisa também virava um caos, e com requintes também do cinema italiano (muito western "spaguetti"), do Cinema Novo (São Paulo SA), seriados de TV de comédia, Scorsese, etc. Então mãos à obra, começamos a correr pois tínhamos que entregar até Julho o filme, e era, também, um roteiro complexo, elenco grande, muitos diálogos...

Fiquei sendo Diretor de Fotografia no curta do Perillo (cujo nome de trabalho era "Requiém para um Vômito!"), e também câmera. Tenho verdadeira paixão por esta área, e dedicava minha atenção, nos últimos tempos, mais à aula de Fotografia. Fazer a câmera também me satisfaz muito, é algo que carrego desde meus 14 anos, quando ganhei minha velha JVC caseirona, que levava a tudo quanto era canto.

Fizemos o curta, em meados de Julho, e fomos terminar lá pra agosto. Atrasamos todo o processo, tínhamos só uma pessoa na produção, enfim, foi trabalho pra caramba, pra todos. Era uma equipe sensacional de se trabalhar: um grupo de amigos com referências e pegadas parecidas, que se divertia, ia junto nas festas, coisa e tal. E com bastante seriedade também, uma dosagem equilibrada de "conservadora e porra louca" misturada. O resultado deve ter ficado muito bacana (está em fase de montagem), apesar de eu não conseguir me perdoar por minhas possíveis falhas com a câmera. Quanto à luz, trabalhar junto com o Wesley, meu assistente, foi ótimo, sem contar o "gigante" Tião, homem da elétrica dedicado e prestativo.

Por volta de Maio eu tinha ido a uma festa com o rodrigo Perillo, era uma festa sobre o Maio de 68, onde exibiriam "Os Sonhadores" do Bertolluci. Discutíamos idéias para o "Requiem...". Quem eu encontrei na festa foi o Daniel Bilenky, ex-aluno da nossa Escola, a Teresa,sua namorada, e o Victor, um grande amigo deles e que já tinha atuado em alguns curtas do nosso pessoal, o "Réti Péki". Na verdade, o Daniel tinha feito a Fotografia em um curta meu em 2007, e chamara a Teresa e o Victor para serem seus assistentes de luz. Os dois (que não eram alunos da Escola) foram super dedicados e achei aquele "time de luz" super eficiente e de boa vontade. A luz é uma das coisas que o pessoal elogia quando assiste curta experimental, "Século XIX", que você pode conferir aqui:


Eu e o Daniel mantínhamos contato, mesmo ele tendo saído da Escola. Eu fazia umas ilustrações pro portal da Hilda Hilst, que ele coordena (http://www.hildahilst.com.br/). Ele e a Teresa tinham ido a Cuba fazer um pequeno curso na EICTV, e falávamos sobre isso e a possibilidade de eu ir pra lá cursar o regular, de 3 anos. Nesta festa expus a eles a idéia que eu estava desenvolvendo pro curta do Jantar, que já estava virando um roteiro mais palpável e que eu pretendia fazer lá pra Agosto, Setembro. Chamei ele pra Fotografia, a Teresa seria Som (depois se tornou minha assistente, aliás, boa escolha!), e ao Victor eu expliquei como seria o personagem principal, o enfermeiro Maurício. Comecei a desenvolver o personagem meio que pra ele, imaginando-o já para o Victor, que já tinha feito um cara atrapalhadão em outro filme nosso.
Ele tinha essa pegada cômica e era um cara dedicado, além de ter trabalhado na Cruz Vermelha um tempo, e seus relatos do que ele passava nesse trampo me deixou cheio de idéias para o personagem, que eu já confundia com o ator. Eles tiveram uma boa recepção da idéia e começamos a ficar empolgados, começando a traçar planos.


Continua no próximo post...