quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pelé X Papa

Olá meus caros!
Seguimos com a correria, a corrida contra o tempo pra termos tudo pronta pra gravarmos Sábado e Domingo agora, dias 25 e 26, os segmentos do filme relativos ao assalto no boteco.
Incrivelmente, fechamos duas questões super importantes entre ontem e hoje: uma das personagens, que estávamos sem atriz devido a vários imprevistos; e a questão das armas utilizadas no assalto, uma coisa que hoje é uma complicação a mais pra quem é de cinema e teatro (as réplicas são muito caras, e nem armas de brinquedo encontra-se pra vender, pois foram proibidas). Recorrendo a amigos, conhecidos, enfim, a tudo que está ao nosso alcance, vamos fechando a produção pra este final de semana.
Uma questão interessante é que, agora, me vejo indo atrás de dois elementos cenográficos de total importância para a decoração do bar, que são os itens de futebol e os itens de religião expostos pelas paredes do mesmo. Foram deixados por último, mesmo sendotão cruciais para compor aquela atmosfera de "bar do Bixiga" que queremos dar. Isso me faz pensar no quão próximos estão a religião e o futebol para o brasileiro (ou para o italiano), no que diz respeito ao sentimento de fé, esperança e conquista. Somos um dos países que melhor representam estes dois universos, causadores (ou impulsionadores) de alegria, tristeza, emoção e, diga-se de passagem, violência (que é o ponto crucial do filme, pelo menos na forma).
Estes elementos compõem o quadro paulistano da história, e convivem lado a lado, naquela parede de bar, observando os atos absurdos que lá se desenrolam. Eu não sou lá muito apegado a ídolos e estátuas de santos, mas reconheço o seu valor. Quando conquistamos um título, vencemos um Campeonato, seja ele qual for, lá está aquele ídolo - o troféu - simbolizando uma conquista. Tem alguma coisa nele que me lembra uma estátua da Santa Acherupita, paradona, lá, estática e sendo alimentada por alguma fé.

Torçam (ou rezem) por nós.
Will

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Mau e o Filme

Maurício. Esse é o nome do personagem.

Victor. Esse é o meu nome.

Parece ridículo tentar se lembrar do próprio nome né? E na verdade é isso mesmo.

Mas ler um roteiro cujo personagem principal, por coincidência ou não, leva uma vida igual a sua. Tentar interpretar a si mesmo em um filme provoca este tipo de reação. Se "O ator é um fingidor", nada me parece mais difícil que desassociar a dor de um personagem da minha própria.

Muitas vezes me vi ao telefone dizendo: "To indo, mas vou atrasar!" para um casal de amigos (né, Daniel, Teresa), quantas outras vezes não fui xingado por não ter tempo de sair com outros amigos, e quantas vezes me meti em rolos e confusões que nem sempre eram minhas, mas que exigiam soluções minhas.

Esta é a vida do Mau. E é a minha também.

O tempo é o ponto que mais mexe comigo. À primeira vista não salta aos olhos no roteiro, a violência parece ser o mais explícito, mas é a causa de boa parte deste roteiro. É pela falta de tempo que Mau faz o que faz no Bar (o que é? não direi...), é por conta dele que tem sua vida em turbilhão e por conta dele não consegue encontrar seus amigos com frequência.

Se a violência parece ser o protagonista do filme, o tempo parace ser o leitmotiv.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sinopse e ficha técnica

Ficha Técnica do Curta-metragem "O Jantar de Sábado à Noite":

Produtores: Daniel Bilenky, Samarah Kojima, Teresa Noll e Will Pereira
Roteiro e Direção: Will Pereira
Assist. de Direção: Teresa Noll
Preparador de Elenco: Wil Damas
Fotografia: Daniel Bilenky Fuentes
Assist. de Fotografia: Wesley Moreira
Som direto e edição de som: Leonardo Scariotti
Direção de Arte: Renata Nogueira e Maria do Carmo de Lima
Maquiagem e cabelo: Rachel Ramos
Elétrica: Tião

Elenco:

Adriani Richter.......................Paty Lima (Miss Amanda Jones IV)
Alaissa Rodrigues...................Dolores Clemente
Azê Diniz..................Angelina
Djalma Das.......................Quedinha (Bartolomeu C. Branco)
Jefferson Lima........................Máicou Élvis Figueiredo
Juliano Mazzuchini.........................Timóteo Donini (Timmy)
Lucas Leal.........................Janjão (Jaime Ceregatti)
Luiza Novaes........................Laena Dulce
Marco Stocco.........................Dono do Bar
Victor Amatucci.........................Mau (Maurício Gomes)
Vinicius Matiazo.........................Luan Alcadipani


Apoiadores e patrocinadores: ELCV, prefeitura de Santo André, MVW Informática, Lanchonete Toy, Restaurante Luna DiCapri, Locall (locadora de equipamentos), Bureau (locadora de equipamentos), Espaço Zé Presidente.

Agradecemos desde já a colaboração de parceiros e apoiadores!

Trajetória d'O Jantar de Sábado à Noite (parte 2)

(Continuação do post anterior)

Descobri depois que não passei na Escola de Cuba, por muito pouco, e então comecei a me dedicar a projetos que tinha, como este do curta-metragem, pelo qual estava me apaixonando aos poucos. Comecei a contatar alguns atores, além do Victor. Mandava a prévia do roteiro, alguns já estavam tão empolgados quanto eu com a história. Mas as datas de realização foram se arrastando, aí comecei a perceber que era mesmo uma "grande" produção pra um filme de 15 ou 20 minutos, então eu, Daniel e Teresa passamos a nos reunir pra definir prazos, datas e orçamentos. Enquanto isso eu finalizava o roteiro, e ia passando a eles (a Teresa como assistente de direção), que entendem mais de roteiro do que eu (eu não sou um bom roteirista), então eles "limavam", riscavam, criticavame eu reescrevia.


Passei a reunir a equipe aos poucos: o Wesley na assistência de fotografia, o Leo (dos "Réti Péki") no som, a Maria do Carmo na Arte (depois chamei a Renata Nogueira pra fazer dupla com ela, e a Rachel pra maquiagem), a Samarah (namorada do Leo) na produção e o Tião na elétrica. Com 4 pessoas na produção (Samarah, Daniel, Teresa e eu), dividimos funções e fomos agilizando as coisas aos poucos. Eu me reunia com cada ator do elenco em particular, para uma conversa informal, passando diversas referências a eles, de atores e personagens de filmes a HQ's e desenhos animados. O enfermeiro Maurício (ou Mau), por exemplo, seria uma caótica mistura de Jerry Lewis com Buster Keaton com Peter Parker com Mel Gibson em comédias, com Bill Murray, com Droopy, o cachorro dos desenhos, com Jack Lemon em Se Meu Apartamento Falasse, com o protagonista de After Hours, do Martin Scorsese, com algumas coisas do Woody Allen em Bananas, enfim... não faltavam referências. Num encontro desses o Victor me contou uma história que me fez pensar: "Puxa... ele é o personagem, ninguém tira o papel dele, nem o Pedro Cardoso". Ele contou que uma vez estava com uma garota com quem saía, e estavam saindo dum fast food, de carro, e tendo uma discussão. Brigavam por algo besta, corriqueiro, ele ao volante, e no meio disso, na calçada do fast food, um homem começou a ter um ataque epiléptico, a alguns metros do carro. Gritando com a garota, estressado, teve o ímpeto de ignorar totalmente a briga, sair do carro e correr pra socorrer o homem. Ele tinha conhecimento pra isso, tinha trabalhado em hospital. Salva a situação, a briga ficou por isso mesmo, passou pra outro plano (creio que pra ele e também pra garota). Essa experiência provavelmente os tornou (e tornaria a todos, eu acho) um pouco mais flexíveis em relação a problemas corriqueiros, coisas pequenas com as quais nos preocupamos demais às vezes, em nossa rotina. É um conflito quase idêntico ao que contrui no roteiro para o Maurício, o enfermeiro. Isso vinha muito de encontro a uma das idéias principais para o projeto: partir dos atores. Focar na atuação, no método Stanislavskiano, o realismo que eu queria e que partia da premissa de que muito dos personagens já existia nos atores que eu chamava para o filme.
Eu estava lendo e estudando o Carlos Gerbase, Stanislavski, Lee Strasberg (fundados do Actor's Studio), e bebendo muito da fonte do Marlon Brando, Elia Kazan, Robert De Niro, etc. Desde o início eu queria seguir esta linha. Quem daria o tom seria o elenco, eu queria dar espaço para eles construirem personagens autênticos, parecidos com eles próprios, e que eles pudessem "recriar" suas falas e comportamento em cena, de acordo com o que sentissem. A presença de um preparador de atores era crucial, desde o início. Eu não tinha experiência (como a maioria dos alunos ali) em lidar intensamente com atores para um filme. Essa era a oportunidade de adquirir isto. Chamamos um amigo do Daniel e do Victor, que já tinha dirigido o Victor antes no teatro: Will Damas, meu xará, um cara veterano nota dez, que vem fazendo um trabalho sensacional com o elenco nos ensaios.
Aos poucos fechei o elenco, com indicações de amigos, conhecidos, ex-colegas de faculdade (um deles, o Vinicius, que faz o papel do Luan, o fanfarrão da festa, estudou Publicidade comigo anos atrás). Uma atriz, a Alaissa, que faz o papel de Dolores, a melhor amiga da Laena (dona do apê do jantar), encontrei por acaso no Festival de Curtas de São Paulo. Ela já tinha participado com o Victor (são grandes amigos também) de um curtinha nosso da Escola. Entreguei o roteiro que, "por acaso", tinha na mochila, e ela topou antes de lê-lo. Um ator (Juliano Mazzuchini) e uma atriz (Aze Diniz) peguei "emprestado do curta do Perillo. Outro, o Lucas (que faz o primo galã), veio do "Século XIX". A Adriani Richter, que faz a Paty (patricinha e vizinha do casal italiano), conheci muito por acaso, na Internet. Ela (que é Miss Poços de Caldas e está entrando no mundo do teatro, com duas peças em cartaz atualmente) foi muito generosa dando atenção a um "estranho" que chega do nada falando sobre atuar em um curta. A maioria deles é do teatro, e eu realmente não sei o que seria do cinema, dos nossos curtas e deste projeto se não fosse o teatro. E vice-versa, porque o cinema é uma das maiores "referências" para eles, também. Uma arte ajuda a outra e se transforma com as outras também. Isso inclui o teatro, a música, a dança, etc.
Do segmento do assalto, também chamei o Marco Stocco, um cara 100% também lá de Santo André, que sempre nos ajudou muito em nossos exercícios "Cassavetianos", e o Djalma, que faz o bandido Quedinha, que já era um camarada meu, ligado ao Danilo, colega da ELCV. Ele chamou o outro bandido, o Jefferson, depois.
Voltando à história: tentamos reduzir ao máximo o roteiro, com ajuda de alguns professores, como o Julio Pessoa (co-roteirista de A Casa de Alice). Tinha que caber em 15 minutos, ou um pouco mais. Creio que a versão finalque temos agora conseguiu chegar nesta meta. E isso é extremamente importante, pois desde o início temos como meta divulgar o máximo possível o filme, de modo que ele deve ter um molde "padrão" de tamanho, pra poder se encaixar em alguma mostra ou festival e ser visto pelas pessoas, que é o que eu considero mais importante.
Começamos a correr atrás de patrocínios, apoiadores, parceiros, alimentação, figurinos, cenários, e venho trabalhando uma cuidadosa decupagem dos planos, que ainda precisa ser revisada e modificada, repensada, sempre. Temos conseguido resultados bons, tendo fechado parceria para equipamentos com grandes locadoras, por exemplo. Esta é uma fase crucial. Não temos tempo a perder e todos os dias temos que dar uns dez passos em direção à gravação, que está muito próxima. Esta semana agora estamos fazendo os últimos ensaios com o elenco, e resolvendo questões trabalhosas de Arte, mapas de luz, ordens do dia, etc.




É agora que o bicho pega. Não há tempo a perder. Este fim de semana fizemos a festa de arrecadação para o filme, no Espaço Zé Presidente, em Pinheiros, um bar alternativo com quem fechamos uma parceria. Apesar do dia pouco propício a baladas (Domingo), foi divertido e, mais do que arrecadar uma grande verba, conseguimos gerar uma divulgação bem proveitosa para o projeto. Muitas pessoas estão sabendo dele devido à festa, não só amigos e conhecidos, mas também pessoas que freqüentam a casa.
Em breve posto mais novidades, tentarei fazer isso todos os dias a partir de agora. Aguardamos comentários, sugestões, críticas, etc. dos leitores do blog.

abraços!

Saudações e nossa trajetória até aqui




Olá meus caros, aqui quem fala é o Will, roteirista e diretor do filme curta-metragem de ficção "O Jantar de Sábado à Noite", que está sendo produzido em São Paulo há alguns meses.

O curta é uma produção independente, porém ela conta com alguns apoiadores, como a ELCV (Escola Livre de Cinema e Vídeo) de Santo André, onde alguns de meus colegas de equipe e eu nos formamos, e outras entidades que vou detalhando aos poucos.

"Meses?!", você se pergunta. Sim, meses. Tem sido (e nunca tive dúvidas de que seria, mesmo) uma produção grande e extremamente trabalhosa para um curta-metragem, devido ao número de locações, atores, detalhes de direção de arte e o tipo de ação que nele ocorre. Vou tentar resumir aqui, em partes, essa nossa trajetória que começou no início de 2008.

Lá por volta de Março, ou Abril, eu estava num grande impasse a respeito de qual seria o meu futuro no segundo semestre deste ano. Estava começando a trabalhar por conta própria com meu próprio estúdio (de design, ilustração e vídeo), e terminava o curso de Cinema e Vídeo que citei, da prefeitura de Santo André. Sobre a Escola: http://www.santoandre.sp.gov.br/secretaria/bn_conteudo.asp?cod=3513&categ=sec_cultura

Ãlém disso, estava prestando a EICTV, Escola Internacional de Cinema de Cuba, e cheguei à seleção final, junto com outros 9 candidatos brasileiros. Disputando uma vaga de direção (ao todo são 6 vagas para o nosso país), se passasse correria atrás de uma bolsa e iria para Cuba no segundo semestre de 2008. Se não passasse, ficaria tocando meus projetos por aqui.

Tínhamos um curta a ser rodado em meados de Julho, que seria como um trabalho de conclusão do curso de Cinema. Deveríamos eleger um roteiro de um dos integrantes do grupo e realizá-lo, em dois fins-de-semana, mais ou menos, com uma verba oferecida pela Escola. Mandamos nossas propostas. Eu já vinha tendo a idéia de uma história há um tempo, mas que exigia um certo empenho extra e que poderia, futuramente, quem sabe, gerar um longa. Era a história de um jantar, dado por um casal de italianos do Bixiga, para um grupo de amigos, e no meio deste jantar ocorria uma briga pavorosa entre dois primos, por causa de ciúmes (a mulher, do casal, era uma atriz tentando deslanchar na carreira, e acabava seduzida pelos dotes de "cantor-galã-boa-pinta" do primo italiano que ia à festa). Até então não tinha muita coisa definida, mas era algo regado a muito Scorsese, Cassavetes (cujo cinema "de atores", de improviso e de câmera na mão vínhamos estudando nas aulas, e isso devo ao grande Danilo Solferini, que nos mostrou e abriu a cabeça com Fassbinder e outros), Copolla, Marco Ferri, Leone, ou seja, influências que eu e meus colegas sempre tivemos, ali na nossa "gangue". Um fato engraçado é nosso "apelido", o grupo é conhecido como "Réti Péqui", uma paródia do refinado Rat Pak de Frank Sinatra e Cia. nos anos 50. Enfim. A idéia era deixar a coisa fluir na narrativa, em função dos atores. Uma câmera que os acompanhasse e improvisasse, como eles, em longos planos-seqüência ao melhor estilo de "Festim Diabólico", do Hitchcock, com muito jazz e rock italiano rolando no vinil. A coisa toda virava um caos. Depois acabei adicionando uma outra história à narrativa, que era uma outra idéia que eu tinha para um curta, onde um personagem ficava preso como refém em um boteco, num assalto (isso foi inspirado em fatos reais, ocorreu algo parecido com meu pai anos atrás, e o fato nunca saiu de minha cabeça, de modo que comecei, ao longo dos anos, a imaginar como isso seria mostrado em um filme. aliás, sempre imaginei a ação se passando em um bar específico, bar onde hoje estamos gravando esta parte da história). Este personagem (e a ação do assalto no bar) foi ganhando projeção, e acabou se equiparando (e depois sobrepujando) e ação do jantar italiano. Fundi as duas histórias: o personagem refém virou um enfermeiro atrapalhado e de bom coração, que sai do plantão num sábado à noite e precisa chegar a tempo no jantar do casal italiano (seus melhores amigos), e acaba preso no assalto, no boteco. Ele resolve a situação quase como "herói", e chega no jantar justamente a tempo de separar a briga dos primos e percebemos o quão banal se tornou a violência e o quão frios podemos nos tornar em relação a ela, que existe lá fora e existe aqui, dentro de casa, ao nosso lado.

Esbocei a idéia em forma de argumento, meio em forma de conto, meio em forma de decupagem. Estávamos atrasados em relação ao resto da turma, então corremos e (provavelmente porque era um roteiro complexo e que com certeza excederia os 15 minutos padrão dos curta-metragens), escolhemos o roteiro do Rodrigo Perillo, colega mais novo do grupo e dono de uma incrível imaginação, criatividade e inventário referencial de bom gosto. Aliás, muitas coisas na história dele eram do mesmo universo da minha: era um almoço familiar de Domingo, onde a coisa também virava um caos, e com requintes também do cinema italiano (muito western "spaguetti"), do Cinema Novo (São Paulo SA), seriados de TV de comédia, Scorsese, etc. Então mãos à obra, começamos a correr pois tínhamos que entregar até Julho o filme, e era, também, um roteiro complexo, elenco grande, muitos diálogos...

Fiquei sendo Diretor de Fotografia no curta do Perillo (cujo nome de trabalho era "Requiém para um Vômito!"), e também câmera. Tenho verdadeira paixão por esta área, e dedicava minha atenção, nos últimos tempos, mais à aula de Fotografia. Fazer a câmera também me satisfaz muito, é algo que carrego desde meus 14 anos, quando ganhei minha velha JVC caseirona, que levava a tudo quanto era canto.

Fizemos o curta, em meados de Julho, e fomos terminar lá pra agosto. Atrasamos todo o processo, tínhamos só uma pessoa na produção, enfim, foi trabalho pra caramba, pra todos. Era uma equipe sensacional de se trabalhar: um grupo de amigos com referências e pegadas parecidas, que se divertia, ia junto nas festas, coisa e tal. E com bastante seriedade também, uma dosagem equilibrada de "conservadora e porra louca" misturada. O resultado deve ter ficado muito bacana (está em fase de montagem), apesar de eu não conseguir me perdoar por minhas possíveis falhas com a câmera. Quanto à luz, trabalhar junto com o Wesley, meu assistente, foi ótimo, sem contar o "gigante" Tião, homem da elétrica dedicado e prestativo.

Por volta de Maio eu tinha ido a uma festa com o rodrigo Perillo, era uma festa sobre o Maio de 68, onde exibiriam "Os Sonhadores" do Bertolluci. Discutíamos idéias para o "Requiem...". Quem eu encontrei na festa foi o Daniel Bilenky, ex-aluno da nossa Escola, a Teresa,sua namorada, e o Victor, um grande amigo deles e que já tinha atuado em alguns curtas do nosso pessoal, o "Réti Péki". Na verdade, o Daniel tinha feito a Fotografia em um curta meu em 2007, e chamara a Teresa e o Victor para serem seus assistentes de luz. Os dois (que não eram alunos da Escola) foram super dedicados e achei aquele "time de luz" super eficiente e de boa vontade. A luz é uma das coisas que o pessoal elogia quando assiste curta experimental, "Século XIX", que você pode conferir aqui:


Eu e o Daniel mantínhamos contato, mesmo ele tendo saído da Escola. Eu fazia umas ilustrações pro portal da Hilda Hilst, que ele coordena (http://www.hildahilst.com.br/). Ele e a Teresa tinham ido a Cuba fazer um pequeno curso na EICTV, e falávamos sobre isso e a possibilidade de eu ir pra lá cursar o regular, de 3 anos. Nesta festa expus a eles a idéia que eu estava desenvolvendo pro curta do Jantar, que já estava virando um roteiro mais palpável e que eu pretendia fazer lá pra Agosto, Setembro. Chamei ele pra Fotografia, a Teresa seria Som (depois se tornou minha assistente, aliás, boa escolha!), e ao Victor eu expliquei como seria o personagem principal, o enfermeiro Maurício. Comecei a desenvolver o personagem meio que pra ele, imaginando-o já para o Victor, que já tinha feito um cara atrapalhadão em outro filme nosso.
Ele tinha essa pegada cômica e era um cara dedicado, além de ter trabalhado na Cruz Vermelha um tempo, e seus relatos do que ele passava nesse trampo me deixou cheio de idéias para o personagem, que eu já confundia com o ator. Eles tiveram uma boa recepção da idéia e começamos a ficar empolgados, começando a traçar planos.


Continua no próximo post...